Notícia | 12 de junho de 2019

Extrativismo sustentável no Cerrado é destaque no Encontro de Mosaicos

Thaís Lima/WWF-Brasil

Eles são indígenas Xakriabás, quilombolas do Vale do Peruaçu, agroextrativistas e agricultores familiares. Um grupo pequeno, no total, 60 pessoas. Mas graças ao trabalho compartilhado conseguem resultados que impressionam: quase 20 toneladas de produtos agroextrativistas beneficiados e comercializados por ano e o equivalente a 150 mil hectares de Cerrado em pé, vivo e protegido.

Os produtores da Cooperativa dos Agricultores Familiares e Agroextrativistas do Vale do Peruaçu (Cooperuaçu), baseados na Área de Proteção Ambiental (APA) Federal Cavernas do Peruaçu, municípios de Januária, Bonito de Minas, Cônego Marinho e Itacarambi, Minas Gerais, trabalham desde 2016 na coleta, beneficiamento, armazenamento e comercialização de frutos nativos do Cerrado, como pequi, buriti, coquinho azedo, umbu, jatobá e outros, que se transformam em geleias, doces, farofas, farinhas e outras delícias gastronômicas. 

Toda essa riqueza, apoiada desde o início pelo WWF-Brasil, é destaque no II Workshop de Mosaicos de Áreas Protegidas, que acontece de 11 a 13 de junho em Brasília como um caso de sucesso para incrementar a renda das comunidades rurais e proteger o Cerrado das ameaças constantes (Dados recentes do MapBiomas Alerta revelam que o Cerrado é o bioma mais desmatado do pais – veja ao lado).

O Coordenador Técnico da Cooperuaçu, Joel Siqueira, fez um apelo: “é preciso fortalecer as cooperativas agroextrativistas do Cerrado porque por meio delas estamos conservando o bioma. As comunidades rurais que trabalham no agroextrativsimo preservam o solo, a água, a fauna e a flora e a geração de renda permite que não tenham que migrar do campo para a cidade”.

Kolbe Soares, analista de conservação do WWF-Brasil que acompanhou de perto a criação da Cooperuaçu e trabalha com outras cooperativas agroextrativistas e diversos projetos no Mosaico Sertão Veredas Peruaçu, explica que a cooperativa fortalece muito o trabalho do extrativismo local dentro do núcleo Peruaçu do Mosaico e ainda contribui com a organização comunitária.

“Foram mais de 10 associações comunitárias envolvidas na fundação da Cooperuaçu que envolveu mais de 100 famílias no processo. É um trabalho que vem sendo desenvolvido pelo WWF-Brasil na região com o fortalecimento da base da cadeia produtiva do extrativismo vegetal sustentável e da gestão integrada das Unidades de Conservação e do planejamento territorial”, explica Soares.

WWF-Brasil no Mosaico Sertão Veredas Peruaçu
O WWF-Brasil atua na região desde 2010, com apoio do Fundo de Parceria para Ecossistemas Críticos (CEPF na sigla em inglês para Critical Ecosystem Partnership Fund) e do Instituto Humanize. As ações buscam promover o incentivo à adoção de boas práticas de produção agropecuária (BPA’s), a implantação de tecnologias sociais e sistemas agroflorestais e o fortalecimento da gestão integrada das Unidades de Conservação e demais áreas protegidas. O WWF-Brasil também atua com ações de mapeamento territorial com foco no planejamento sistemático da conservação no Cerrado e no apoio ao extrativismo vegetal sustentável dos frutos do Cerrado com as Cooperativas Agroextrativistas e Associações Comunitárias. Realiza ainda ações de comunicação visando a valorização e o resgate do Cerrado.

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