O colorido das caliandras, chuveirinhos, ipês, jatobás e pequizeiros mesclado ao azul profundo do céu, será o cenário, de amanhã até dia 14 de julho, do XVIII Encontro dos Povos do Grande Sertão Veredas, realizado nos arredores do Parque Nacional de mesmo nome, em Chapada Gaúcha, município mineiro localizado no norte do estado.
Mais de oito mil pessoas devem participar dos quatro dias de festa, cujo objetivo é celebrar a sociobiodiversidade do Cerrado, ou seja, suas riquezas naturais, culturais e sociais. Para tanto, haverá intensa programação cultural (confira a programação completa no box ao lado), reunindo apresentações de batuqueiros, catireiros, curraleiros e danças típicas como o lundu, a catira, a sussa, a caninha e o manzuá. Rodas de conversa, apresentações teatrais e feiras de artesanato e de comidas típicas completam a oferta de atividades.
Os destaques da festa são a folia de Reis do Divino, onde os fiéis apresentam a sua devoção ao Espírito Santo, e a chegada, no dia 13 de julho, dos caminhantes da VII edição do “Caminho do Sertão: de Sagarana ao Grande Sertão Veredas”, do qual participam cerca de 100 pessoas de várias partes do Brasil.
“O Encontro é uma oportunidade para valorizar a riqueza da fauna e flora do Cerrado e muito importante para que as comunidades possam fortalecer sua identidade cultural e trocar experiências. Além disso, é um evento importante para geração de renda e desenvolvimento da comunidade e da agricultura familiar local”, conta Kolbe Soares, analista de conservação do WWF-Brasil. “Para os visitantes, é uma oportunidade única de conhecer as paisagens de Cerrado e ainda vivenciar a cultura do bioma”, diz Soares.
O Município de Chapada Gaúcha faz parte do Circuito Turístico Urucuia Grande Sertão e do Mosaico Sertão Veredas Peruaçu. Com população de pouco mais de 13 mil habitantes, o município tem a sua economia voltada ao agronegócio (principalmente soja e sementes de capim) e a agricultura familiar. Possui grandes potencialidades para o desenvolvimento do turismo ecocultural e o aproveitamento sustentável de produtos do cerrado.
O WWF-Brasil e a sociobiodiversidade do Cerrado
O extrativismo vegetal sustentável é uma das principais alternativas para manter o “Cerrado em pé”. Além de garantir a conservação, é uma fonte de renda para as comunidades locais, favorecendo a permanência dos povos tradicionais no bioma. Com esse foco, o WWF-Brasil atua na região desde 2010, com apoio do Fundo de Parceria para Ecossistemas Críticos (CEPF na sigla em inglês para Critical Ecosystem Partnership Fund) e do Instituto Humanize.
As ações buscam promover o incentivo à adoção de boas práticas de produção agropecuária (BPA’s), a implantação de tecnologias sociais e sistemas agroflorestais e o fortalecimento da gestão integrada das Unidades de Conservação e demais áreas protegidas. O WWF-Brasil também atua com ações de mapeamento territorial com foco no planejamento sistemático da conservação no Cerrado e no apoio ao extrativismo vegetal sustentável dos frutos nativos com as Cooperativas Agroextrativistas e Associações Comunitárias.