Entre as árvores de casca grossa e troncos retorcidos do Cerrado se escondem preciosidades importantíssimas para a saúde dos seres humanos: centenas de espécies de plantas medicinais que podem curar e salvar vidas. Para fomentar o conhecimento delas entre as comunidades locais, o WWF-Brasil promove entre os dias 5 e 7 de junho, uma oficina em Januária, Minas Gerais, com foco nos moradores da região rural do Mosaico Sertão Veredas Peruaçu.
O curso será ministrado por Marcos Guião, especializado em plantas medicinais pela Universidade Federal de Lavras, Minas Gerais e proprietário da Ervanaria Marcos Guião, em Diamantina, MG, onde promove há mais de 20 anos diversos cursos. Durante os três dias, Guião, apresentará noções sobre os princípios ativos das plantas, ensinará aos participantes a identificar as plantas com propriedades medicinais e como preparar chás, pomadas e xaropes.
A rica biodiversidade do Cerrado oferece raízes, cascas, óleos e folhas que são há séculos manipulados por seus povos indígenas e comunidades tradicionais para o tratamento e cura de enfermidades. Prática essa que é passada de geração em geração.
Em 2009, o estudo ” Diversidade e uso de plantas medicinais por comunidades quilombolas Kalunga e Urbanas, no nordeste de Goiás”, da autora Natália Prado Massarotto, apontou 358 espécies nativas do Cerrado utilizadas pelas comunidades tradicionais (indígenas e quilombolas) para o tratamento e cura de enfermidades.
O analista de Conservação do WWF-Brasil, Kolbe Soares, afirma que o Cerrado, apesar de pouco valorizado como bioma, é responsável por 5% da biodiversidade mundial e 30% da biodiversidade brasileira. “O Cerrado possui um imenso potencial para uso fitoterápico de suas plantas e apesar disso, vem sendo desmatado em níveis alarmantes, o que pode estar extinguindo plantas que podem curar doenças que a medicina alopata ainda não conseguiu”, afirma.
“O Cerrado é um dos biomas mais antigos do planeta, por isso acredito que seja o que tem o maior número de espécies de uso medicinal. Costumo dizer que o Cerrado é a maior farmácia de plantas medicinais do Brasil”, diz Marcos Guião.
O WWF-Brasil e a sociobiodiversidade do Cerrado
O extrativismo vegetal sustentável é uma das principais alternativas para manter o “Cerrado em pé”. Além de garantir a conservação, é uma fonte de renda para as comunidades locais, favorecendo a permanência dos povos tradicionais no bioma. Com esse foco, o WWF-Brasil atua na região desde 2010, com apoio do Fundo de Parceria para Ecossistemas Críticos (CEPF na sigla em inglês para Critical Ecosystem Partnership Fund) e do Instituto Humanize.
As ações buscam promover o incentivo à adoção de boas práticas de produção agropecuária (BPA’s), a implantação de tecnologias sociais e sistemas agroflorestais e o fortalecimento da gestão integrada das Unidades de Conservação e demais áreas protegidas. O WWF-Brasil também atua com ações de mapeamento territorial com foco no planejamento sistemático da conservação no Cerrado e no apoio ao extrativismo vegetal sustentável dos frutos nativos com as Cooperativas Agroextrativistas e Associações Comunitárias.
Serviço
Oficina “Plantas medicinais do Cerrado”
Local: SESC, Januária, Minas Gerais
Data: 5 a 7 de junho