Nas secas úmidas de um lamaçal sangrento.
A dor de quem carrega no peito a vontade da vida.
Mesmo quando a decisão natural do Opará é a favor.
Na alegria de fartura ou da perda consciente.
Na esperança de que dias melhores hão de vir.
Num rastilho de pólvora, a permanência de barranco.
Na labuta de enxada sol a sol, o calejar contínuo de um amargo dia.
A bandeira hasteada no quilombo da lapinha, como a mais de 500 anos, que a coroa portuguesa os oprimia.
De valentes denodados na licença desses versos empoeirados,
de machado foice, cangaia e cangaço, de Lampião a Zumbi.
Da canastra a penedo.
No esforço e força da energia, do milho e da abobora, donde só na terra dá.
A alegria da farinha da mandioca, que de longe a fome ver passar.
Na vazante a Mariana Dupin dizia, da consciência do povo que apretendia.
Plantar quando opará apermitisse.
No pau preto, pau de légua, noutros barranco daqui de perto, mas nunca de desmate isso se afazia.
Com leis de homens brancos, pra preservar o que eles não entendia.
Com ou sem a tar lei, ali era tudo sua valia.
Nos versos de esperança e de fartura, de causa e causo de bichos, lendas, pescarias.
Dedico esse dedo de prosa a esse sertão, cheio de riquezas de danças, festas e romarias.
Gerazeiros, catingueiros, vazanteiros que avigia,
amparados pelo amável opará, todo, todo, todo seu santo dia.
Os irmãos sem terra, da volta da serra e doutros canto nunca esperou sentado.
Esse tal assentado, quase não se vê o protagonista lavrador.
O latifúndio imundo, um mundo coronelizado, da elite do opressor.
A margem na mão da contradição, um ato perfeito pro invasor,
pro invasor, pro opressor, para o desamor.
Cadê a flor, cadê o amor?.